As
manifestações de junho deflagraram a profunda insatisfação do povo brasileiro
com os rumos do país. As inúmeras demandas sociais, aliadas a falta de resposta
política por parte das instituições são a causa dessa indignação.
Queremos
escolas padrão FIFA
Os
protestos de rua são caracterizados pelos cartazes que traduzem os desejos dos
manifestantes. Nesse cartaz, lê-se "queremos educação padrão fifa". A
mensagem faz alusão aos vultosos investimentos do Governo brasileiro nas obras
da Copa do Mundo de 2014, enquanto a educação pública está abandonada. Os
protestos durante a Copa das Confederações, já em julho, e ainda sob a
inspiração de junho, demonstrou que o futebol deixou de ser a prioridade para
boa parte da população.
Eu sei o que vocês disseram na
semana passada
O cartaz
remete ao título do filme de terror " Eu sei o que vocês fizeram no verão
passado". A mensagem destina-se as emissoras de televisão (no cartaz, há o
logo da rede Globo, e uma imagem do comentarista da emissora Arnaldo Jabor) em
especial a rede Globo e critica a repentina e oportunista mudança e consequente
apoio às manifestações. Jabor havia feito um comentário no Jornal da Globo do dia
13 de junho, após o segundo ato, em que chamava os protestantes de
"revoltosos de classe média que não valem nem 20 centavos" e os
compara as ações daquele dia a faccção criminosa PCC ( Primeiro Comando da
Capital), que, em 2006, incendiou diversos ônibus e criou uma crise urbana de
segurança pública. curiosamente, na semana seguinte, Jabor se desdiz na rádio
CBN e fala que "fez um erro de avaliação".
Que legal, o país parou, e nem é
carnaval!
Esse cartaz é sintomático. Faz uma analogia
com as enormes festas culturais que param o país por determinado tempo - no
caso o carnaval - e enuncia sua satisfação por um evento político ter parado o
país. Traz em si o sentimento do povo brasileiro, de indignação com a letargia
que caracteriza as pessoas o ano todo.
Professor te desejo o salário de
um deputado e o prestígio de um jogador de futebol
O descaso
com a educação pública foi uma pauta recorrente em junho. Os salários
indecentes recebidos pelos profissionais da educação é tema desse cartaz, que
faz também uma critica a cultura do brasileiro de prestigiar os jogadores de
futebol, em detrimento dos professores, profissionais imprescindíveis no
desenvolvimento da nação e responsáveis pela educação das crianças. A
desvalorização da remuneração deles é comparada aos exorbitantes salários dos
parlamentares, cerca de 10 vezes maiores.
Saímos do Facebook
O papel primordial das redes sociais em junho
é inquestionável. A convocação dos protestos, principalmente nos dois primeiros
atos, foi feita prioritariamente pelas redes. Além de ser o canal de veiculação
da trajetória das passeatas, em função da provável repressão antecipada se
divulgadas antes. Das milhares de pessoas que participaram das manifestações,
muitas elas nunca haviam comparecido a nenhum protesto de rua. O ativismo
digital é característica de nossa época. No entanto, as mobilizações de rua são
o que provocam as transformações
“esses mesmos que condenam os jovens
que foram às ruas vivem bradando que a população não pode assistir impune à
corrupção e demais problemas dos governos. (...)O que te parece mais eficiente?
Lotar a caixa de e-mail de um assessor de quinto escalão ou fechar uma avenida
num horário de pico? E desde quando grupo ou evento de Facebook muda alguma
coisa? Aliás, o tal abaixo-assinado com sei lá quantas mil assinaturas contra o
Renan Calheiros na presidência do Senado deu no quê mesmo? Redes sociais como o
Facebook são excelentes para a troca de informação, para conectar pessoas que
pensam de forma semelhante, para ajudar na organização. Mas, se a grita não
sair da internet e for pra rua, de nada adianta. Nadinha.”
(Carta Capital. Disponível em http://www.cartacapital.com.br/politica/protestar-no-facebook-nao-adianta-nada-o-negocio-e-fechar-avenida-1479.html. Acessado dia 27 de setembro)
Sair do
facebook significa um avanço na consciência dos manifestantes de que a pressão
deve ser feita cara-a-cara.
Diversos
cartazes http://www.gospelatualidades.com/2013/06/melhores-cartazes-mainifestacoes-brasil.html
Balas de borracha não apagam a
verdade
A repressão
policial pode ser considerado como um fator que potencializou a repercussão
tanto nacional quanto internacional das jornadas de junho. As chamadas armas
não letais foram utilizadas em larga escala durante os 3 primeiros atos. O
cartas faz alusão às balas de borracha utilizada pela Polícia militar para
intimidar os manifestantes, e evidenciar que a sua utilização não diminui a
verdade dos fatos, de que as demandas são de fato necessárias.
TEsse
cartaz traz um questionamento imprescindível para entender junho. O caos do
transporte público é muito associado aos incentivos que o poder público concede
aos automóveis, utilizados individualmente. Traz à tona toda a contradição do
discurso dos governantes, da falácia da segurança que traz a utilização do
cinto de segurança, enquanto milhares de pessoas são obrigadas diariamente a
ficar de pé em ônibus lotados, correndo risco de acidente.